sábado, 17 de agosto de 2013

Carta em Defesa dos Corredores Pipoca!

Imagens:Google
"Se você é do tipo de pessoa que se ofende fácil ou não sabe argumentar, melhor visitar OUTRO SITE"...

Por Daniel X.

*Este texto não defende/incentiva o ato de usufruir de um evento sem estar inscrito.
Para saber mais minha opinião sobre "Correr de Pipoca", leia as matérias:

"Pipocas" são pessoas pobres?...
Recentemente recebi o seguinte convite de uma amiga corredora:
"Ei Daniel, tudo bem? Aqui, q tal montarmos um grupo para irmos de pipoca na volta internacional da Pampulha? Tô achando um absurdo o valor cobrado R$80,00 desde o começo. Nem teve gradação de valor este ano."
Minha resposta foi a mais sincera possível: se estão achando um absurdo, não corram. Ninguém é obrigado a ir, muito menos vai morrer se ficar sem.

Coincidentemente, na mesma semana li um comentário interessante em uma rede social:
"Os pipocas ou bandits invadiram a Meia de Sampa. Detalhe: a maioria com tênis e roupas de marca, iPhone etc. Ou seja: eram 171 mesmo..." 

Achei interessante e muito válida a observação, pois, muitas vezes esta "classe" de corredores é associada às pessoas mais humildes, que não teriam condições de ficar pagando altos valores para participar das provas. Mas segundo a observação feita acima, as elite também gostam de dar um jeitinho.

Bandidos?...

Já vi alguns formadores de opinião rotularem quem corre na via pública sem estar inscrito, como bandidos, justificando que "lá fora, eles também têm nome: bandits, bandidos mesmo".

Não seria um termo muito pesado? "Ah, mas a intenção é essa mesmo", "Ah, mas é para intimidá-los mesmo!", "ah, mas nos EUA eles são chamados assim"...

Lá nos EUA?! Você está vivendo no Brasil, Camarada!



Lá nos EUA também tem pena de morte. Os EUA contam com a maior população prisional do mundo.
22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.  Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.  Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde. Nos EUA o preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.

Vai viver nos EUA, então!

E lhe pergunto: as corridas nos "EUA" são tão desorganizadas quanto algumas que temos por aqui? Nunca participei de nenhum evento fora do Brasil, mas pelo que ouço de muitos atletas, correr nos EUA é o sonho de consumo de muito corredor brasileiro. Será que é porque são desorganizadas? Acho que não...

A definição de "bandido" no Aurélio é: s.m. Indivíduo que vive de assaltos a mão armada; salteador, malfeitor.
Ao chamar alguém de bandido você pode estar fazendo uma acusação. Então, cuidado para o feitiço não virar contra o feiticeiro.

Além do mais, não seria mais fácil (ou melhor) montar uma estrutura que permite um melhor controle de hidratação e medalhas, ao invés de criar mais um estereótipo, em um país onde o preconceito ainda impera?
Posso dizer que, a maioria dos eventos que já participei, permitia que qualquer pessoa que estivesse passando pelo local viesse a  usufruir de hidratação e outros itens que faziam parte da infraestrutura do evento.

Direito de Imagem
Outra questão que tenho notado é o fato de ficar tirando fotos de supostos "pipocas" nas corridas, e ficar expondo em redes sociais. Não podemos esquecer do direito à imagem. Você pode estar cometendo um crime, às vezes maior do que a própria pessoa que, estaria fazendo uma coisa que é errada na SUA opinião (o fato de transitar em via pública em dia de evento). Além do fato de que, um crime não justifica outro.

E como foi muito bem dito por um importante blogueiro do mundo das corridas: "No geral a falta de número de peito não indica que seja pipoca (muitos não usam para não serem identificados por sites de fotos)".
Aí alguém posta a foto do cara em rede social, denigre a imagem do mesmo, depois responde por danos morais. Simples, né!

Pacer é "pipoca"?
Agora mais essa.  Já notei indícios de que aquela pessoa não inscrita em uma corrida, mas que acompanha o tempo todo outro atleta, monitorando o ritmo, incentivando, fornecendo água/ repositores, durante o percurso, agora está passando a ser taxado como "pipoca".

Na Maratona do Rio 2013, minha amiga, Valeria Spakauskas,  fez o seguinte relato, se referindo ao seu treinador:
"Chegando aos 26 tenho a visão mais bacana da prova toda, meu treinador,Gustavo, um cara prá lá de especial, estava ali, esperando a gente chegar! Estava em casa! E fomos juntos, os três, às vezes cinco ou dez, pois o Gustavo puxava todo mundo!!!"
Inclusive, quando o treinador Gustavo passou por mim, perguntou se eu estava me sentindo bem, me ofereceu água, e até se disponibilizou a me emprestar dinheiro, uma vez que eu estava mancando e longe da linha de chegada.
Então, agora vamos taxar esse grande incentivador como "pipoca"?...

Circuito Lótus 2011: minha esposa, Roseli (que não gostava de correr), só participou porque me disponibilizei a acompanhá-la durante o percurso, sem usufruir de nada da prova.  Hoje ela já corre meia maratona.  Então, o que sou por incentivá-la?  Um "bandido"?  Que crime cometi naquele dia?  Prenda-me se for capaz...

 "O direito individual não se sobrepõe ao coletivo"
Ninguém pode retirar seu direito de ir e vir. E não tem essa de "o direito individual de ir e vir não se sobrepõe ao direito do coletivo", pois, a constituição federal já representa a maior coletividade de um país. Se fosse assim não haveria o direito de greve, por exemplo.
Essa de Direito Coletivo Vs. Direito Individual para impedir o direito de transitar no espaço da prova é pura balela etilista.
Dica de filme? "Os Donos da Rua" e "Os Reis da Rua"...

Pipoca queimada

Por outro lado, muita gente que corre sem estar inscrito, usa hidratação, sai na frente, e usufrui da infraestrutura do evento, e mesmo que você só esteja passando por ali, fazendo seu treino, consequentemente você vai ser associado a essas pessoas. A atitude de alguns acaba queimando o filme de todos...

Por isso, hoje em dia, acredito que se você for treinar, o melhor mesmo é passar longe de eventos. Não que você não tenha direito de usar a rua.  Mas é melhor manter distância das "vias privatizadas"...


Como foi muito bem dito pelo corredor/fotógrafo Marcos Viana Pinguim:
" Creio que as pessoas que gostam de correr nos fins de semana (mas que não querem competir) podem e devem se reunir para fazer treinos nas ruas bem distantes de onde estão ocorrendo corridas, este é um conselho para as pessoas que não querem gastar dinheiro em corridas e para que elas não paguem mico de "Pipocas" nas corridas. É minha sugestão!!!"

O Problema não é só o "pipoca", mas a desorganização!...
Na maratona do Rio 2013, a falta de respeito de algumas pessoas, como passar de bicicleta rente aos atletas, foi colocada em meu vídeo. Mas na câmera, tenho o equivalente a um longa metragem, só de falta de educação.
Faltou controle dos realizadores da prova  no requisito segurança, pois a organização tem parcerias, apoio governamentais, etc., e é responsável pelo percurso.
Quando participei da Meia de SP 2012,  pensei que ia ser uma bagunça devido ao trânsito da cidade e de ser bem no centro. Mas não foi. Organizadores devem ter parcerias também com guardas municipais, PM, etc. Digo isso porque já participei de muita corrida que contou tais parcerias. E organização da Maratona do Rio não é fraca.

Sei que a orla é fechada para o lazer, mas sempre ouvimos por aí: "a organização paga alvará mais isso e aquilo para realização do evento", "se fosse em um show você não entrava"... frases usadas para reprimir os "pipocas", mas que são incoerentes, pois, quando é para ser usada por papas, políticos, casamentos de netas, e shows de pop stars da música brega, ninguém nem ao menos ousa questionar. Sei que que são situações (e poderes diferentes), e que, se falarmos muito, ainda ficamos sem.

Mas parece que a preocupação de alguns organizadores com relação aos "pipocas", é simplesmente referente aos gastos que eles podem vir a trazer à organização, e não com o conforto/segurança dos clientes.

Quando argumentamos sobre o direito de ir e vir referente a um "pipoca" que transita (mas não usufrui) no local do evento, ele é contestado. Mas quando é para assegurar a integridade física dos atletas, aí os defensores invertem o quadro: são os ciclistas e afins que tem o direito de ir e vir.

Muita incoerência, e muita conveniência também.

A melhor matéria que já ouvi sobre o tema: o atleta/empresário/escritor Weimar Peittengill expressa sua opinião a repeito de “Correr na Pipoca”, citando também uma questão interessante a respeito dos ciclistas. Ouça AQUI!
Outras matérias a respeito:

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6 comentários:

  1. Vamos deixar de "mi mi mi"!!! Deixem os caras correrem!!! Qual o problema? Se preocupem com seu tempo e pronto! Nunca me senti prejudicada por nenhum pipoca! Eu já fiz uma ou outra prova, sem inscrição, como treino, mas poucas mesmo! Não acredito que tenha desrespeitado ninguém... E nem causei nenhum prejuízo pra organização! Por falar em prejuízo, encomprido água na Marayona do Rio e Gatorade, pq no primeiro posto já tinha acabado o isocronismo e a água, que fazia parte do $ da inscrição, estava MORNA! Só servia pra jogar na cabeça! E concordocom a faltado respeito dos cariocas coma corrida, invadiram nossa faixa na cara dura!!! Valeria Spakauskas

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    1. Pois é. Naquele evento eu esperava mais. Por mais que nossos amigos tentem justificar, não concordo com a invasão da pista. Qto ao fato de faltar hidrotônico logo no primeiro posto, será que a culpa foi de "pipoca" tb?

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  2. Só discordo quanto ao fato de dizer que pacer não é pipoca. É sim. E, se estive ajudando alguém a chegar ao pódio (já vi isso) e o regulamento proibir acompanhamento, pior ainda.

    Agora concordo que as organizadoras de prova (na média) tem que melhorar muito para chegarem ao ponto de exigirem a saída dos pipocas.



    PS: Acho que a amiga Valéria foi vítima do corretor ortográfico...

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    1. Já vi atleta ser desclassificado por causa de pacer devido ao regulamento, como Vc disse. Mas no texto cito 2 exemplos, e não concordo que sejam "bandidos" simplesmente por estar ajudando e incentivando, sem atrapalhar ninguém, nem trazer prejuízo a ninguém.

      Esse questão do governo é muito interessante, não tinha pensado no que foi citado por Vc, mas já penso em regulamentação nas corridas de rua há algum tempo.

      Inclusive, fiz uma petição pública que não emplacou, baseada na petição dos atletas daí de Curitiba, que foi postada no blog da Dra Maria Letícia Fagundes, que tb parece não ter saído do lugar...

      http://reviewrun.blogspot.com.br/2012/07/lei-para-regulamentacao-das-corridas-de.html

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  3. Uma questão importante que o Danilo Balu (do Recorrido) levanta é o excesso de provas. O governo tem que controlar isso. Em vias públicas, acho que devemos ter no máximo uma Meia Maratona e uma Maratona por ano por cidade.

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  4. Somente esqueceu de dizer o principal, se o pipoca passar mal durante a prova ele devera ser largado a margem ou atendido pela equipe do evento? Claro que sera atendido, então se quem esta devidamente inscrito precisar de atendimento médico sera prejudicado, mas claro que isso ninguém pensa não é mesmo!

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